BuscaPé, líder em comparação de preços na América Latina

Reaprendendo a amar

Retirado do site The Bon's

Nós nunca amamos uma pessoa pelo o que ela realmente é. Amamos alguém pelo aquilo que ela representa para nós. Isso rege todas as relações afetivas humanas. Um filho vai ser sempre um filho. A mãe sempre irá apoiá-lo, mesmo que seu filho seja um assassino, um estuprador, ela irá levar uma marmita para ele na prisão sempre q puder. Ninguém deixa de ser filho.

Quando uma mulher diz amar seu namorado, não está mentindo, ela realmente ama seu namorado. Mas é como se ela amasse o personagem, e não o ator. Após o fim do namoro, você continua a mesma pessoa, os mesmos defeitos, as mesmas qualidades, mas agora você não é mais o namorado. Seu papel mudou. Agora você é o ex. O cargo de protagonista deverá ser ocupado por outra pessoa, e muitos se ofenderam, "como ela é capaz de trocar de namorado tão depressa." Mas ela nunca trocou de namorado. Apenas trocou de ator. Seu imaginário de como é e como deve agir um namorado é o mesmo, e é exatamente isso o que irá regir as comparações e o possível êxito do namoro. As pessoas não mudam. Temos a impressão de vê-las mudando, porque alteramos o papel que ela representava em nossas vidas. É como andar pra trás e ver uma pessoa ficando pequena a medida que caminhamos.

Na psicanálise, é comum ouvimos a expressão "ato falho", quando alguém diz uma palavra querendo dizer outra, acidentalmente. É comum no início de um relacionamento alguém chamar o novo parceiro pelo nome do antigo. Isso normalmente gera um mal estar terrível, e é visto como um péssimo sinal. Pelo contrário, é um ótimo sinal. Significa que você está assumindo o papel ocupado por outra pessoa: ela está aprendendo a te amar e te ver como um namorado. O cérebro ainda está se acostumando com a troca de atores, assim como demoramos um pouco para associar o papel de 007 com o rosto de Daniel Craig, e não com o de Pierce Brosnan.

O que essa percepção altera em nosso modo de ver o mundo? Passamos a ser mais tolerantes com as atitudes alheias, a criar menos espectativas fantasiosas. Precisamos desaprender o que a Disney nos ensinou durante toda nossa infância, recriar toda nossa percepção do que é o amor. O amor pela pessoa em si seria um amor eterno, e por isso mesmo, irreal. Devemos aceitar que o amor vai e ver, e o papel de parceiro amoroso será desempenhado por vários atores durante nossa vida e na vida dos outros, por mais doloroso que isso possa ser às vezes.

A crise agora é do povo. Ele que se dane

por Luiz Carlos Azenha

O desemprego nos Estados Unidos chegou a 8,9%, a taxa mais alta desde 1983. Foram perdidos 539 mil empregos em abril. O número oficial de americanos desempregados é de 13,7 milhões.

Voltamos a testemunhar, agora, um fenômeno que já vimos em outras praças, especialmente quando a "moda" era pregar privatizações na América Latina. Quantas centenas de artigos elogiosos ao Chile não foram publicados nos anos 80 e 90, especialmente quando se tratava de pregar a idéia -- absurda -- de que um país daquele tamanho poderia servir de exemplo para o Brasil? É óbvio que aqueles artigos nunca tocavam numa questão política central ao "sucesso" chileno: a ditadura de Pinochet passou um trator sobre os movimentos sociais e os sindicatos antes de transformar o país em um laboratório neoliberal.

A reforma da Previdência no Chile foi apontada como exemplo para o Brasil. Hoje sabemos que a privatização da Previdência chilena fracassou e exigiu intervenção do estado com dinheiro público, depois de enriquecer alguns.

O "exemplo" seguinte foi o México. Estou procurando as reportagens que definiam o México como exemplo a ser seguido pelo Brasil. Trata-se do caso mais acabado de uma profunda transferência de bens públicos para meia dúzia de empresários, que trataram de assumir o controle do país em aliança com interesses políticos e econômicos externos.

Para 100 milhões de mexicanos, hoje em dia, há dois caminhos: o narcotráfico ou a imigração para os Estados Unidos. Com a crise econômica nos Estados Unidos, o futuro é sombrio para quem pretende atravessar a fronteira. A militarização do combate ao narcotráfico é cortina de fumaça para reforçar o poder de Felipe Calderón. O México é a próxima Colômbia. Uma situação que pode ficar ainda mais dramática se considerarmos as informações de que a produção de petróleo mexicano atingiu o pico e entrou em decadência.

Quando eu morava nos Estados Unidos, lá atrás, me lembro claramente da cobertura que se fazia sobre o Brasil, especialmente no Wall Street Journal. Quando o governo de turno em Brasília era dócil e aceitava pagar direitinho os juros da dívida externa, o Brasil era um país "maravilhoso", ainda que as notícias de jornal contrastassem completamente com a realidade que eu, nas férias, via nas ruas do país. Toda a cobertura considerava apenas os dados macroeconômicos. Povo? Que povo?

Agora tenho a mesma sensação ao acompanhar o noticiário sobre a crise nos Estados Unidos. A bolsa de Nova York está em recuperação. Os bancos tiraram o pé da lama às custas de dinheiro público. "Acabou a crise", ou "está acabando a crise". O povo? Que se lasque.

Porém, a médio e longo prazos, há duas implicações nisso: nos Estados Unidos as crises econômicas têm consequências políticas profundas. Quando se mexe no bolso do americano, sai de baixo. Além disso, hoje ninguém mais leva a sério a mídia corporativa. Os americanos estão conscientes de que as medidas governamentais priorizaram o salvamento dos banqueiros, em detrimento do cidadão comum. É este, afinal, quem paga com a taxa recorde de desemprego.

E a segunda implicação é que 2/3 da economia dos Estados Unidos giram em torno do consumidor. Com o desemprego em alta ele deixa de gastar. Deixa de emprestar. E a economia estanca. Faz sentido, portanto, a observação de que, quando o efeito dos trilhões de dólares jogados no mercado pelo governo federal passar, o sistema financeiro ficará novamente frágil, diante da inadimplência de financiamentos de automóveis, cartões de crédito e da falta de novos negócios.

Enquanto isso, observem como os Estados Unidos, na mídia, estão em franca recuperação. O povo vai mal? Ele que se dane. O que é o desemprego se a bolsa está em alta?

Fonte: Vi o Mundo.com.br

Pi decodificado em círculo inglês


O mais recente círculo inglês compensou a falta de complexidade em sua construção com uma mensagem: o círculo codifica o valor do Pi em até dez casas decimais. O que soa impressionante a princípio, mas na prática não é nada de outro mundo.



O astrofísico Michael Reed foi o responsável pela “decodificação”, que você confere em seu diagrama acima. “Decodifique” o círculo em sentido horário. Dividido em dez segmentos radiais, conte inicialmente três e descobrirá uma barra (e aqui, mesmo um ponto decimal). Depois disso, verá um segmento, depois 4, 1, 5, 9… Ao final, terá 3,141592654. A famosa constante matemática.

Mensagens codificadas em círculos ingleses não são novidade, e o exemplo mais notório – e mesmo mais complexo que o recente Pi – é o disco alien de 2002:



A formação é talvez a mais inovadora em toda a história, por integrar não só um disco com uma longa mensagem codificada (em ASCII binário!), como pela forma como o rosto alien foi construído, com linhas de varredura. Era a primeira vez que algo assim era visto.

Fonte:Ceticismo Aberto - Junho de 2008

The Walking Dead - #09



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Maria provavelmente teve outros filhos além de Jesus, dizem historiadores



Evangelhos mencionam quatro irmãos e ao menos duas irmãs de Cristo.
Interpretação de que eles seriam só primos prevaleceu no Ocidente.


A lista "Tiago, José, Judas e Simão" lhe diz alguma coisa? Uma dica: não são nomes de apóstolos. Na verdade, de acordo com o Evangelho de Marcos, estes seriam os irmãos de Jesus, que são citados ao lado de pelo menos duas irmãs de Cristo (cujos nomes não aparecem). Os católicos e ortodoxos normalmente interpretam o trecho como uma referência a primos ou parentes mais distantes do mestre de Nazaré, mas o mais provável é que essa visão seja incorreta. A maior parte dos (poucos) indícios históricos indica que Maria e José realmente tiveram filhos depois do nascimento de Jesus.

É claro que, sem nenhum acesso a registros familiares contemporâneos ou evidências arqueológicas diretas, a conclusão só pode envolver probabilidades, e não certezas. "Se a busca do 'Jesus histórico' já é difícil, a pesquisa dos 'parentes históricos de Jesus' é quase impossível", escreve o padre e historiador americano John P. Meier no primeiro volume de "Um Judeu Marginal", série de livros (ainda não terminada) sobre Jesus como figura histórica.

Meier explica que, ao longo da tradição cristã, teólogos e comentaristas do texto bíblico se dividiram basicamente entre duas posições, batizadas com expressões em latim. A primeira é a chamada "virginitas ante partum" (virgindade antes do parto), segundo o qual Maria permaneceu virgem até o nascimento de Jesus, tendo filhos biológicos com seu marido José mais tarde. A segunda, "virginitas post partum" (virgindade após o parto), postula que Maria não teve outros filhos e até que seu estado de virgem teria sido milagrosamente restaurado após o único parto.

A "virginitas post partum" foi, durante muito tempo, a posição defendida por quase todos os cristãos, diz o historiador -- até pelos protestantes, que hoje não se apegam a esse dogma. "Um fato surpreendente, e que muitos católicos e protestantes hoje em dia desconhecem, é que as grandes figuras da Reforma, como Martinho Lutero e Calvino, defendiam a virgindade perpétua de Maria", escreve ele. Já especialistas católicos modernos, como o alemão Rudolf Pesch, defendem que Maria provavelmente teve outros filhos sem que isso tenha levado a reprimendas diretas do Vaticano.

Jerônimo

Diante das menções claras aos "irmãos e irmãs de Jesus" nos Evangelhos (que inclusive se mostram contrários à pregação dele, chegando mesmo a considerá-lo louco), como a interpretação da "virginitas post partum" prevaleceu?

"Houve três formas de interpretar esses textos", afirma o americano Thomas Sheehan, estudioso do cristianismo primitivo e professor da Universidade Stanford. "Além de considerar essas pessoas como irmãos biológicos de Jesus, sabemos da posição de Epifânio, bispo do século IV para quem os irmãos eram de um casamento anterior de José. Mas a opinião que prevaleceu foi a de Jerônimo, que era um excelente filólogo [especialista no estudo comparativo de idiomas] e viveu na mesma época. Jerônimo dizia que a palavra grega 'adelphos', que nós traduzimos como 'irmão', era só uma versão de um termo aramaico que pode ter um significado mais amplo e que pode querer dizer, por exemplo, primo."

Jerônimo tinha razão num ponto: quando o Antigo Testamento foi traduzido do hebraico para o grego, a palavra "adelphos" realmente foi usada para representar o termo genérico "irmão" (empregado para parentes mais distantes no original). De fato, o hebraico, bem como o aramaico (língua falada pelos judeus do tempo de Jesus na terra de Israel), não tem uma palavra para "primo". O problema é que há um único caso comprovado de que a palavra hebraica "irmão" tenha tido o significado real de "primo". Essa única ocorrência está no Primeiro Livro das Crônicas -- e mesmo assim o contexto deixa claro que as pessoas em questão não são irmãs, mas primas.



No entanto, o caso do Novo Testamento é diferente, argumenta Meier: não se trata de "grego de tradução", mas de textos originalmente escritos em grego, nos quais não havia motivo para usar um termo que poderia gerar confusão. O próprio Paulo, autor de várias cartas do Novo Testamento, chama Tiago, chefe da comunidade cristã de Jerusalém após a morte de Jesus, de "irmão do Senhor", ao escrever para fiéis de origem não-judaica (ou seja, que não sabiam hebraico ou aramaico). De quebra, a Carta aos Colossenses, atribuída a Paulo, usa até o termo grego "anepsios", que quer dizer "primo" de forma precisa.



Reforçando esse argumento, o escritor judeu Flávio Josefo, ao relatar em grego a morte de Tiago, também o chama de "irmão de Jesus". E o contexto dos Evangelhos reforça a impressão de que se tratam de irmãos de sangue, argumenta Meier. Os irmãos e a mãe de Jesus são sempre citados em conjunto. Quando Maria e os parentes de Jesus tentam interromper uma pregação, ele chega a pronunciar a polêmica frase "Qualquer um que fizer a vontade do meu Pai celestial é meu irmão, minha irmã e minha mãe". Para Meier, a frase perderia muito de sua força se o significado real dela se referisse a "meu primo, minha prima e minha mãe".

Para Geza Vermes, professor de estudos judaicos da Universidade de Oxford (Reino Unido), as próprias narrativas sobre o nascimento de Jesus dão apoio a tese de que Maria e José tiveram outros filhos mais tarde. No Evangelho de Mateus, afirma-se que José não "conheceu" (eufemismo para ter relações sexuais com alguém) sua mulher até que Jesus nascesse. Ainda de acordo com Vermes, em seu livro "Natividade", é importante notar o uso do verbo grego "synerchesthai", ou "coabitar", para falar da relação entre José e Maria. O verbo, quando empregado pelos autores do Novo Testamento, implica sempre relações sexuais entre homem e mulher, diz ele.

Fonte:G1.com.br

Leia também o nosso post O Evangelho proibido de Judas.Considero-o muito bom, pois vemos claramente as lacunas na história. Aproveite e baixe o documentário

Engenheiros da Califórnia criam carro movido a lixo





Forno colocado no carro queima o lixo e extrai dele o máximo de vapor.
Lixo também é usado para gerar energia para abastecer 80 mil casas.


Um grupo de engenheiros da Califórnia (EUA) se inspirou numa tecnologia que já era usada na Segunda Guerra Mundial para criar um carro movido a lixo. Com uma série de componentes eletrônicos e computadores, eles estão construindo o que pode ser considerado com o automóvel do futuro. O nome da tecnologia é gaseificação.

Um forno colocado na mala do carro queima o lixo e extrai dele o máximo possível de vapor. O gás percorre os tubos e quando chega ao carburador tem o mesmo efeito da gasolina ou de qualquer outro combustível.



Com a ajuda de um maçarico, o gasificador é acesso e o combustível, que na verdade é lixo, é colocado. Depois de algumas tentativas, o carro ganha movimento.

Além de aproveitar o que aparentemente não servia para nada, o carro movido a lixo ajuda a combater o efeito estufa. O que sobra depois da queima do combustível é carbono em estado sólido. De acordo com pesquisas científicas, um ótimo fertilizante.

"Esse carvão, chamado de terra preta, é muito rico em nutrientes", explica Tom Price, um dos coordenadores do projeto. "Continuamos obtendo energia, mas ela é limpa e renovável, ajudando a melhorar as condições climáticas", completou.

Apesar de ainda ser um experimento complicado, os inventores prometem que em breve vai ser tudo muito mais compacto e fácil de usar.

Lixo transformado em energia elétrica

Quando as luzes se acendem, no fim da tarde, os moradores de Fairfax, no estado americano da Virginia, estão, de certa forma, contribuindo com a limpeza das ruas. Em Fairfax não existe lixão nem aterro sanitário. Mas tem fila de caminhões. O lixo de um milhão de pessoas vai todo para uma usina.

Cerca de 15 mil toneladas de lixo são jogados na esteira e abastecem os incineradores. Restos de comida, eletrônicos, plástico, tudo que não presta queima a mais de 1000ºC. O fogo aquece as caldeiras, que geram vapor e movimentam as turbinas.

A energia é suficiente para abastecer 80 mil casas, 20% da população. Energia limpa, porque os gases tóxicos que sobram depois da queima do lixo são filtrados, e só uma quantidade mínima sai pela chaminé.

De acordo com os técnicos, 10% do lixo que entra na usina saem em forma de cinzas e vão para um aterro. Ainda assim, o diretor de sustentabilidade, Paul Gilman, diz que a usina de lixo polui muito menos que as termoelétricas que usam gás ou carvão.

"No futuro reciclaremos muito mais", ele disse. "E se aproveitarmos tudo que sobra, quatro ou cinco por cento da energia do país poderão ser produzidos a partir de lixo", finalizou.

A meta do governo para 2030 é que esta seja a fonte de 20% do combustível dos automóveis.

Fonte:G1.com.br

Desapego


Por: Eduardo J. S. Honorato e Denise Deschamps

Quando na Psicanálise falamos de libido, de investimento libidinal, de prazer, de afeto, estamos falando também de “objetos”. São estes que nos trazem satisfação, mesmo sendo representantes de outras coisas ou pessoas. Já desde Freud temos a noção de que tudo na vida passa pelo que chamamos vínculo, investimento em objeto. Nós investimos afetos em “objetos” que podem variar desde roupas, pessoas, sonhos, ideais, crenças, etc. Esses objetos guardam suas características, mas ganham para cada um de nós os contornos daquilo que colocamos neles. Um de nós adora tudo que é azul, por razões inúmeras, algumas que tem consciência e outras que sequer sonha(ou que somente as acessa em sonho, pelas operações do Inconsciente). Sabemos, por outro lado, de gente que detesta azul, alguns sequer o podem olhar sem sentir repulsa, devem ter suas razões pra isso também.

Quando somos atraídos inconscientemente por esses objetos, um pouco de energia libidinal é deslocada para “isso”. Vamos pensar em quantidade mesmo. Mantemos uma “ligação” com aquele objeto. Portanto, ocupamos parte do nosso “estoque” de energia psíquica (foram muitos risos até chegarmos a um acordo aqui - risos). Essa faz mil e um acordos, quase uma operação diplomática do tipo “faixa de Gaza”, para se chegar a um resultado que satisfaça os três senhores do nosso psiquismo(id, superego e realidade).

Acontece que às vezes, precisamos desfazer algumas dessas conexões, para que possamos nos ligar a novos objetos, conhecer novas coisas, experimentar mais e assim, termos uma vida psíquica mais saudável. É também, uma questão de aprendizado. Outras vezes somos arremessados a essa tarefa, por lutos inevitáveis, que viver nos traz.

Quando falamos em promover o “desapego” é justamente isso que queremos dizer. Não precisa “desfazer” essas conexões, mas você não precisa de um OBJETO REAL para lembrar daquilo. Parece maluco, mas não é. Mais conversas por email e vamos aos exemplo(risos):

Ex: Pedi (Eu, Eduardo) para um amigo meu abrir a carteira e se eu poderia ver tudo lá dentro. Ele riu e foi me mostrando, até que eu achei uma carteirinha de um seguro de saúde de quando ele fez intercâmbio há alguns anos (desculpa cara…ehehhee). Ora..perguntei se aquilo ali era necessário, e ele disse que “não”. Escondi a carteira debaixo do notebook e perguntei se ele ainda tinha as mesmas sensações e sentimentos quando se liberava daquele “papel”. Ele disse que sim. Pronto. É isso. Ele percebeu que o objeto real não é necessário para que ele associe diretamente com aquelas memórias. Ainda brinquei com ele que como ele mantinha aquilo ali, ele perdia a oportunidade de colocar “novos cartões de crédito” no lugar ocupado. Princípio que aprendemos nas aulas básicas de Física: “dois corpos não ocupam um mesmo lugar”, embora em se tratando de psíquico isso nem sempre SEJA verdade. Manter-se investindo em um objeto somente pelo seu concreto, é impedir que novas conexões e aprendizados aconteçam. (metaforicamente falando, claro). Manter-se investindo afeto em algo que se foi, é como “rasgar dinheiro” em termos da nossa economia psíquica(sim, há uma questão que é econômica dentro do nosso psiquismo)

Então, o que é o desapego? É você doar aquela calça que comprou há três anos e não usa mais (pq ela te lembra aquela época legal do verão). Desapego é você pegar aquele livro que você comprou de literatura e todo mundo já leu e doar para uma escola(oops…contei). É pegar as roupas daquele parente que morreu, e doar para quem precisa, embora seu parente vá permanecer investido para sempre dentro do seu psiquismo, uma parte desse investimento faz parte do que constrói você. Os objetos reais não precisam existir para que seu psiquismo se lembre desses momentos bons ou “ruins” também. Em muitos momentos, precisamos quase que como um rito de passagem, jogar fora, dar, queimar, deletar, coisas que nos remetem a uma relação que deixou lembranças amargas. Há cenas em incontáveis filmes onde a personagem faz fogueira com roupas e pertences do objeto de seu investimento(amor/ódio), há um quê de engraçado na angústia que isso revela.

Por isso que falamos que “doar” não é somente “dar roupa velha e furada que você não quer ou que manchou com caneta”, mas sim, dar também “aquele tênis que você ganhou, não gostou, não usou e tem que guardar” – a pessoa que deu pelo menos pode ficar feliz que alguém aproveitou. Isso é promover o desapego e abrir espaço para novos objetos adentrarem seu psiquismo (e sapatos no seu armário – oops..contei também -risos)

Por outro lado, temos a situação inversa, onde o objeto real sumiu, mas o psicológico continua atrelado a ele. Comentamos sobre isso na análise do filme PS Eu Te Amo (Ps I love You, 2008).

Um processo de elaboração da perda de um objeto real (parente que morreu) pode levar até nove meses e atenção que passando disso entramos em zona de risco. Sim…até a pessoa perceber que o objeto se foi realmente e a energia pode ser usada para outras coisas e ela pode continuar vivendo. Porém, há casos em que isso não foi bem elaborado, e a pessoa permanece investindo energia no “morto” e esse vem morar dentro daquele que não se desapega. Como não obtém “resposta” desse objeto, investe mais e mais energia, e entra no que Freud chamou de “Melancolia” e que hoje conhecemos como DEPRESSAO, não aquela tristeza natural de quem perdeu um importante objeto de afeto, mas uma tristeza sem fim que carrega uma angústia de abandono, há algo de raiva escondida nesse sentimento imenso que paralisa a pessoa e a deixa presa a um objeto que não está mais presente. O abandono do luto que leva a essa depressão não se dá somente com a morte, porque o que importa é a morte do objeto para a pessoa que investe, então muitas vezes se dá pela separação em relação ao afeto(parceiros, amigos, parentes, colegas de trabalho etc).

O trabalho na clínica, portanto, é fazer esse caminho INVERSO, com a ajuda dos psiquiatras e medicamentos.. Ele se foi, e será preciso aprender a manter pequenas conexões e se ater às memórias boas e que é um processo que todos um dia passam: o luto. Não é menosprezar o objeto, mas sim, “seguir em frente”, alguns acreditam que esse desapego passa por um sentimento de perdão, não no sentido religioso, a pessoa pode continuar achando o fim da picada o que viveu(ou inaceitável a perda), mas pode desinvestir tudo aquilo, retirar o que foi aprendizagem e descarregar o objeto de qualquer energia(afeto) que queira atualizá-lo, abrir espaço como quem limpa um armário. Cada luto é específico e tem suas saídas e não poderemos generalizar seus caminhos, mas saudavelmente, em algum momento, essas operações serão necessárias.

A questão dos “objetos” é tão importante na Psicanálise, com o que chamamos de “relação objetal”. Sim, existem maneiras que seguem um “padrão” em como lidamos com alguns objetos. Aprender essa maneira peculiar é entender quando poderá ter problemas e sofrimentos. E, quando se colocar em situação semelhante, será como contar com um sinal vermelho em uma porta que leva ao risco da repetição, ao tentar entrar avisará que temos duas escolhas a fazer: tomar o caminho que já conhecemos ou procurar outra porta, outra forma de investir. É aprender a maneira como seu psiquismo se relaciona com os objetos. E assim, evitar sofrimento psíquico. Tarefa nada fácil, que vamos aprendendo de acordo como ultrapassamos nossas sucessivas dores inevitáveis, desmames metafóricos que “sofreremos” ao longo da vida.

Portanto, esta aí uma coisa saudável (desde que não excessiva). De tempos em tempos, faça uma faxina do armário, doe uns livros, conheça pessoas novas, diga oi para pessoas que não dizia antes, segure a porta para seu vizinho. Promova ações onde se desapegue de objetos sem mais valor, e abra espaços para novos objetos na sua vida. Também reveja relações, retome contatos, isso pode falar de desapego também, ultrapassar velhas mágoas e ressentimentos. Por incrível que isso possa nos parecer, somos intensamente apegados aos nossos ressentimentos. Pense um pouco sobre isso! É mais saudável sempre seguir adiante.

Temos que manter essa nossa energia psíquica circulando o tempo todo. Tudo que fica parado demais, não dá muito certo, até água parada, apodrece.

Por isso DESAPEGA rapaz! Largue a bagagem extra que o caminho ficará mais leve. Se for muito pesada a carga, peça ajuda.

Fonte:Eduhonorato’s Weblog


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